"Pintou estrelas no muro e teve o céu ao alcance das mãos."

terça-feira, 26 de junho de 2012

"Na hora, invade-me a indizível alegria de criar."
                    Helena Kolody

Noites de junho

Noite fria, tão fria de junho
Os balões para o céu vão subindo
Entre as nuvens aos poucos sumindo
Envoltos num tênue véu

Os balões devem ser com certeza
As estrelas aqui desse mundo
As estrelas do espaço profundo
São os balões lá do céu

Balão do meu sonho dourado
Subiste enfeitado, cheinho de luz
Depois as crianças tascaram
Rasgaram teu bojo de listas azuis

E tu que invejando as estrelas
Sonhavas ao vê-las ser astro no céu
Hoje, balão apagado, acabas rasgado
Em trapos ao léu
     Composição: Alberto Ribeiro e João de Barro

"Se não chover nem ventar,
se a lua e o sol forem limpos
e houver festa pelo mar,
- ir-te-ei visitar.

Se o chão se cobrir de flor,
e o endereço estiver claro,
e o mundo livre de dor,
- ir-te-ei ver, amor.

Se o tempo não tiver fim,
se a terra e o céu se encontrarem
à porta do teu jardim
- espera por mim.

Cantarei minha canção
com violas de eternamente
que são de alma e em alma estão.
- De outro modo, não."
                              Cecília Meireles

quinta-feira, 21 de junho de 2012


Inverno
No céu de cristal,
cintila o sol sem calor.

Sopra um vento frio.

Tiritam árvores nuas

nos campos que a 

geada veste.
                             Helena Kolody

Quero apenas
Além de mim, quero apenas
essa tranquilidade de campos de flores
e este gesto impreciso
recompondo a infância.
Além de mim
– e entre mim e meu deserto –
quero apenas silêncio,
cúmplice absoluto do meu verso,
tecendo a teia do vestígio
com cuidado de aranha.
                           Olga Savary

Olga Savary, poetisa e tradutora de renome diz:A poesia solar de Helena Kolody nos mostra a verdade, a beleza e a dignidade do ser humano e, em última instância, da vida”.

Este é o inverno
Um frio de leve
vem pra ficar.
A brisa suave
faz a árvore balançar.
O vento sopra
assobiando.
O céu escuro
vai ficando.
As nuvens passam
de mansinho.
A chuva chega
devagarinho.
As pessoas correm
abrindo guarda-chuvas.
Vi um homem de casaco
e uma mulher de luvas.
É esse o inverno
sorrateiro.
Vem chegando
e nem avisa primeiro.

1º Informativo Bimestral - Ano 2012
Grêmio Estudantil Silvano de Siqueira
Com um espaço dedicado a obra de Helena Kolody

 

segunda-feira, 11 de junho de 2012


O rumo do meu barco

Já inspecionei a proa,
amarrei a carga,
desatei a vela.
O vento sopra forte e
enfuna meu coração
de alegria.
Agora é contigo, Senhor.
Toma o leme e risca
                                              o rumo do meu barco – não
                                              penses que irei por
                                             este mar sozinho.

                                                                                            Jamil Snege

         


 Snege sobre Helena Kolody:
“Tem espírito, é uma sensitiva. Já nasceu poeta”.

RESSONÂNCIA
Bate breve o gongo.
Na amplidão do templo ecoa
o som lento e longo. 

                          Helena Kolody